Senador Alessandro Vieira diz que Brasil está próximo de ter ministro de tribunal superior preso
Parlamentar citou suspeitas envolvendo caronas em jatinhos e suposta proximidade de membros do Judiciário com investigados por crime organizado.

O relator da CPI do Crime Organizado no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou durante audiência nesta quinta-feira que “se avizinha o momento em que o Brasil terá um ministro dos tribunais superiores preso”. A fala ocorreu enquanto o parlamentar comentava investigações sobre um suposto esquema de venda de sentenças no STJ e a carona do ministro Dias Toffoli, do STF, em um jatinho do empresário Luiz Osvaldo Pastore, ao lado do criminalista Augusto de Arruda Botelho.
Segundo Vieira, episódios como este se tornaram “normais” entre autoridades.
O senador criticou o que chamou de naturalização de privilégios e possíveis relações com investigados por crime organizado.
“Nós temos ministros que acham normal caronas em jatinho, jatinho pago pelo crime organizado. Não é surpresa. O cara sabe que é crime organizado, entra no jatinho, vai para uma viagem paga pelo crime organizado, acessa evento de luxo pago pelo crime organizado, se hospeda, come, bebe, e retorna a Brasília para julgar na nossa Corte Superior”, declarou.
Durante a oitiva, estava presente o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ex-presidente do STF e do TSE. Ele rebateu as declarações e afirmou que o país já possui normas suficientes para coibir desvios éticos, mas que é necessário “colocar a legislação em prática”.
“Senador, claro que eu condeno veementemente qualquer infração ética. Não precisa nem condenar, porque isso é crime à legislação penal. O que é preciso é fiscalizar e aplicar de forma redobrada”, respondeu Lewandowski.
Alessandro Vieira complementou dizendo que o Brasil já teve presidente, ministro, senador, deputado, governador e prefeito presos, mas nunca um ministro de tribunal superior.
“Me parece que este momento se avizinha”, concluiu o senador.
A fala repercutiu fortemente em Brasília, em meio à pressão crescente sobre o Judiciário e às discussões sobre limites éticos e legais para autoridades de alto escalão.
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