"Tudo pode acontecer": Ícaro de Valmir insinua movimentações, cutuca aliados e joga com as possibilidades em Sergipe

Com o xadrez político de Sergipe ganhando forma para as eleições que se aproximam, o deputado federal Ícaro de Valmir adota uma postura estratégica: não fecha portas, fala com segurança do seu agrupamento e aproveita para enviar recados — alguns sutis, outros nem tanto. Em entrevista recente, Ícaro comentou a permanência no Partido Liberal (PL), avaliou o cenário da oposição no estado e não escondeu incômodos com antigos aliados.

Ele destacou a trajetória política do pai, Valmir de Francisquinho, que acumula cinco mandatos como vereador e está em seu terceiro como prefeito de Itabaiana. A influência do clã vai além: o irmão Talisson foi o deputado estadual mais votado de Sergipe e hoje comanda a prefeitura de Areia Branca. Marcos Oliveira, atual deputado estadual, também foi eleito com apoio do grupo. A base está montada — e, ao que tudo indica, sólida.

“Nós temos o respaldo da população. Quando coloca o nome de Valmir de Francisquinho, é sinônimo de trabalho”, declarou Ícaro, fazendo questão de carimbar a marca do pai como ativo eleitoral ainda muito presente.

Portas entreabertas no PL

A permanência no PL parece provável, mas Ícaro fez questão de deixar uma fresta aberta — o suficiente para chamar atenção. Segundo ele, a decisão final será tomada em outubro, em conversa com o grupo. Valmir está filiado desde 2009, uma trajetória de 16 anos que pesa. Mas nem por isso o jogo está fechado.

“Fui convidado por vários partidos em Brasília. Gostaram de como a gente faz política em Sergipe.”

A lista de interessados é extensa: Solidariedade, Podemos, Republicanos (via Gustinho Ribeiro), PP e Cidadania. Todos de olho em uma composição com o grupo, oferecendo de tudo um pouco — da presidência estadual a espaço em chapas proporcionais e até majoritárias, incluindo Senado e Governo.

“Há uma grande possibilidade de a gente ficar, mas também há sim uma possibilidade pequena da gente sair do PL”, afirmou, com a cautela típica de quem sabe que ser disputado valoriza o passe.

Oposição: o jogo ainda vai começar

Sobre a oposição em Sergipe, Ícaro não entregou muito, mas deixou claro que os bastidores estão aquecidos. Segundo ele, a definição de nomes e estratégias deve acontecer entre outubro e novembro. Uma das adesões mais celebradas por ele foi a do deputado federal Thiago de Joaldo, considerado um reforço de peso.

“A vinda dele representa o enfraquecimento do atual governo”, alfinetou, sem rodeios.

Edivan Amorim, presidente estadual do PL, já declarou que cinco dos oito deputados federais sergipanos hoje fazem parte da oposição. Ícaro reforçou esse cenário, aproveitando para criticar diretamente a concessão da Deso, feita pelo governo estadual:

“A Deso só precisava de gestão. Imagine, nos dias de hoje, ainda precisar de carro-pipa pra ter água em casa. É catastrófico.”

Reconhecimento que não veio

Ícaro também abordou um tema sensível: o descontentamento de Valmir com a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa. Segundo ele, o grupo “acampou” na capital no segundo turno, levando o nome de Emília a todos os bairros. A expectativa era de que quem ajudou fosse lembrado.

“O que meu pai queria? Que essas pessoas fossem reconhecidas dentro da prefeitura.”

A crítica tem endereço, mas Ícaro prefere não dizer em voz alta. Quando questionado se a decisão de Emília pode ter sido influenciada pelos Amorim — que têm peso na gestão — ele desconversou:

“Não participei dessas conversas. É melhor que o próprio Valmir comente sobre esse assunto.”

Valmir e Ricardo? “Tudo pode acontecer”

Sobre uma eventual chapa entre Valmir de Francisquinho e Ricardo Marques, Ícaro não quis confirmar, mas também não negou. A resposta veio em tom clássico de quem conhece o jogo:

“Tudo pode acontecer!”

Já sobre a pré-candidatura de Eduardo Amorim ao Senado, que circula nos bastidores, o deputado preferiu passar a bola:

“Isso é melhor perguntar a Valmir.”

Ícaro evita dar certezas, mas faz questão de mostrar que o grupo está em movimento. Entre apoios, convites e silêncios calculados, o recado é claro: eles estão no jogo — e jogando com habilidade.