Samarone: O Futebol em Itabaiana (notas esparsas II).

Antonio Samarone. Mesmo após a fundação do Itabaiana, com o injustificável nome de Botafogo Futebol Clube, onde seis meses depois se transformaria em Itabaiana Sport Clube, uma espécie de fusão entre Santa Cruz e Brasil, inclusive no uniforme, que passou a ser o tradicional tricolor: azul, vermelho e branco, o futebol em Itabaiana é uma recreação local, sem a menor competitividade, em relação a outras cidades do interior de Sergipe. Em 14 de agosto de 1938, o Botafogo F. C. realizou sua primeira partida, enfrentado o Gutenberg Futebol Clube, um time de Aracaju formado basicamente por trabalhadores gráficos, com a vitória do Botafogo por 2X1. O time visitante atribuiu a derrota ao comportamento parcial do árbitro da partida, coincidentemente outro diretor do Botafogo (Itabaiana).A fragilidade do futebol em Itabaiana no seu inicio era flagrante. Maruim, Riachuelo, Capela, Neópolis, Estância e Laranjeiras estavam bem mais organizadas e possuíam equipes em nível bem superior aos ceboleiros. Em 17 de março de 1940 o Itabaiana foi goleado em seus domínios pelo Municipal de Aracaju por 7X3, time de segunda ou terceira categoria, que nem o campeonato da Capital disputava. Os gols do Itabaiana foram assinalados por Sinhô e Ló, ambos os jogadores da Seleção Sergipana emprestados ao Itabaiana para esse jogo. O arbitro da partida foi o Sargento Isaías Alves de Souza. Nessa época - década de 1940 - o Itabaiana não era filiado "Liga Sergipana de Esportes Atléticos", não podendo, portanto, enfrentar os times da Capital - Sergipe, Cotinguiba, Vasco, Paulistano, Palestra, Siqueira Campos, Guarany e Vitória - filiados à citada "Liga", e que disputaram o campeonato daquele ano. Nesse mesmo ano de 1940 disputaram o campeonato pela chave do Interior somente 04 equipes: Ipiranga e Socialista de Maroim, Riachuelo e Laranjeiras. Em 02 de fevereiro de 1941 o Itabaiana recebeu a visita do Confiança, vencendo-o por 3X2, com dois gols de Sinhô, jogador do "Palestra" de Aracaju, mas que freqüentemente reforçava o Itabaiana. Esse tipo de recurso era muito comum. Nessa fase o Confiança ainda não disputava o campeonato da "Liga". Somente em meados de 1942, o Itabaiana filia-se à Federação Sergipana de Desportos, e para comemorar o feito realiza uma partida amistosa contra o Palestra, importante equipe de Aracaju. No inicio de 1943, o Itabaiana Sport Clube indica como seu primeiro representante junto a Federação Sergipana de Desportos, o jovem Fernando Barreto Nunes, irmão da historiadora Maria Thetis Nunes. Entretanto, ainda não participava dos campeonatos oficiais.Em 01 de setembro de 1946, o Itabaiana Futebol Clube participou da festividade do Dia do Soldado no Estádio Etelvino Mendonça. Os organizadores foram o Promotor Público Severiano Cardoso, Presidente do Itabaiana, e o Sargento Alcebíades Santiago, instrutor do Tiro de Guerra. Até 1948, o Promotor continuava na cidade.Também no ano de 1946, durante a administração do Prefeito Etelvino Mendonça, foi murado o Estádio de Futebol do Itabaiana Sport Clube, passando também a ter as dimensões oficiais, representando uma grande melhoria para o nosso esporte.Em 1949 o Itabaiana Futebol Clube tinha o seguinte time: Cardoso, Zeferino (Divo) e Jeová, Resende, Zé de Hermógenes, Zé Fogo, Zé de Neném, Faustino e Valdenor, Borrachinha e Nilo. Não era uma esquadra no nível da primeira linha do futebol sergipano. Borrachinha era o craque desse time. O juiz mais famoso daquela época era o senhor Lídio Santos.Foi no dia 21 de agosto de 1949, um domingo de sol no Etelvino Mendonça, que o Itabaiana ganhou pela primeira vez o Socialista de Maruim, por 3X1. Dois gols de Valdenor, e um de Zé de Neném para o Itabaiana, e um de Pierrot Para o Socialista. Logo depois Pierrot viria jogar e residir em Itabaiana, um craque, que merece ter sua memória resgatada.Em 1950, a equipe básica do Itabaiana, era Cardoso, Zeferino (Divo), Bonito, Zé de Hermógenes, Antonio Oliveira e Jeová, Zé de Neném, Bacalhau, Valdenor, Robério e Borrachinha.Em 03 de setembro de 1950, o Itabaiana jogou pela primeira vez em Aracaju, no recém inaugurado Estádio de Aracaju, tendo com adversário o Olímpico Futebol Clube, o famoso rubro-negro do dezoito do Forte, bi-campeão absoluto do Estado nos anos de 1946 e 1947 e que naquele ano, marchava para mais um campeonato, por ser uma das mais fortes equipes da capital. O jogo fez parte da comemoração do décimo nono aniversário do time da capital. O Olímpico era formado por Djalma, Benildes e Neném, Chagas, Carlinhos e Octacílio, Sete Espíritos, Essinho, Walter, Ubaldo e Baiano. O Itabaiana, mesmo derrotado por 3X2, fez uma elogiada partida. A manchete do diário de Sergipe da segunda-feira foi: "Exibição Magnífica do Itabaiana". O Itabaiana jogou com Cardoso no Gol, classificado como seguro e arrojado, A defesa foi formada por Divo e Bonito, a linha média com Hunaldo, depois Dequinha, Zé de Hermógenes e Antonio Oliveira, o ataque, o ponto mais forte da equipe, foi Zé de Neném, Bacalhau, Fogo Nela, Robério e Eliseu. Marcaram para o Itabaiana Eliseu e Zé de Neném. O centro-médio Antonio Oliveira era considerado o mais perfeito do estado, a crônica da capital o classificou nesse jogo de calmo, inteligente, boa visão e controle perfeito da pelota, conquistando os aplausos merecidos de toda a platéia. Borrachinha, a grande atração do Itabaiana, nessa partida não jogou. O arbitro do jogo foi Enoque e a renda superior aos quatro mil cruzeiros.No dia 02 de dezembro de 1950, o Itabaiana voltou a jogar no Estádio de Aracaju, sendo essa a primeira partida realizada a noite pelo Itabaiana, desta vez sendo derrotado por 2X1 pelo Cotinguiba. Até a década de 1960 todas as vezes que o Itabaiana precisava jogar sob as luzes dos refletores, o medo e a desconfiança retornavam: será se os jogadores não irão se encandear com as luzes, já que eles não estão acostumados. Muitas vezes, isso era suficiente para justificar qualquer frango ou qualquer furada dos zagueiros. Nessa partida o destaque foi novamente foi o centro médio Antonio Oliveira, descrito pela crônica esportiva da Capital como "magricela e bem jeitoso para a posição, e que jogava muito com a cabeça". Também receberam elogios os "meias", Fogo Nela e Robério.As primeiras incorporações tecnológicas do futebol itabaianense foram o suporte, a atadura e o linimento. O primeiro era uma estranha proteção de borracha que se usava sob o calção, com o suposto objetivo de proteger as "partes fracas" do atleta; o segundo, a atadura, era utilizada para enfaixarem-se os pés até a metade da canela, sob as meias, isso anterior as atuais caneleiras; e o terceiro, o linimento, era uma espécie de óleo a base de cânforas, que se aplicava nas pernas dos jogadores antes das partidas, de preferência durante um massageamento, que tornavam os membros inferiores brilhosos e escorregadios. Suponho que além de facilitar a massagem, permitia colocar em evidencia a musculatura dos atletas.
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