Personagens de Itabaiana: João Pereira de Oliveira (1883 – 1968).

Temos em nossa cidade uma praça e um conjunto habitacional com o nome de General João Pereira. Quem teria sido esse homem? O que fez para merecer tais homenagens? Eis um dos maiores vultos da nossa história que infelizmente, apesar de ter seu nome em logradouros públicos em Itabaiana e ser lembrado em nível nacional, ainda carece de um estudo biográfico. João Pereira de Oliveira era o nome completo de nascimento do tal General João Pereira. Nascido na outrora Vila de Santo Antônio e Almas de Itabaiana em 26 de maio de 1883. Tinha o mesmo nome do pai e sua genitora era a Sra. Maria José de Oliveira. O jovem João Pereira nasceu num momento de muitas transformações. A vida em Itabaiana era dura. O sistema de ensino bastante precário e as perspectivas de desenvolvimento pessoal para quem continuasse torrão serrano eram escassas. Por isso viveu muito pouco em Itabaiana. Aqui apenas nasceu, passou a infância e estudou as primeiras letras. No começo da década de 90 do século XIX, saiu de Itabaiana para estudar o curso secundário na capital dos sergipanos. Foi dessa época o início da sua carreira literária. Seus primeiros textos foram escritos em jornais. Em 1901, deixou Sergipe. O menor estado da federação era pequeno demais para um jovem tão talentoso. Rumou para a Bahia. Em Salvador, se matriculou na Escola Politécnica. Dois anos depois (1903), abandonou o curso de engenharia e partiu para o Rio de Janeiro, capital federal na época. No Rio assentou praça a 7 de abril do mesmo ano no 20º Batalhão de Infantaria com destino à Escola Preparatória e de Tática do Realengo. Transportando-se para Porto Alegre frequentou as aulas da Escola de Guerra até concluir os cursos de infantaria e cavalaria em 1905.

Foi um dos três delegados da Preparatória e de Tática do Realengo no Congresso de estudantes reunido em S. Paulo em julho de 1909 e nesse Congresso discutiu todas as questões de ensino, tendo merecido ser publicado no grande jornal Estado de São Paulo um dos discursos que leu sobre criação de universidades no Brasil. Lembrando que o Brasil apenas terá uma universidade na década de 30 com a instalação da USP. Estudou na Escola de Guerra de Porto Alegre (1907-1911). A 2 de janeiro de 1911 foi declarado aspirante a oficial e classificado na 1ª companhia de metralhadoras, na Capital Federal, e em 30 de julho de 1915 promovido a 2º tenente de infantaria, sendo transferido em 1917 da 1ª companhia de metralhadoras para o 41o batalhão de caçadores em Aracaju. Como aspirante da companhia de metralhadoras, além de ter tomado parte em algumas outras comissões de importância, serviu na campanha militar do Contestado (Paraná-Santa Catarina), onde mereceu dos seus superiores os maiores louvores, tendo sido, ademais, um dos poucos para os quais o Comandante-Chefe pediu a promoção por ato de bravura. Foi nos Pampas que João Pereira fez brilhante carreira militar e literária. Na condição de oficial do exército serviu ao Estado do Rio Grande do Sul. Prestou relevantes serviços aos gaúchos tanto com suas atividades militares e literárias. Escreveu livros e artigos e se envolveu com discussões literárias. Pertenceu à Academia de Letras do Rio Grande do Sul e ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e de Santa Maria (RS). Chegou até a ser eleito presidente da Academia Gaúcha de Letras (1942). General João Pereira foi ainda Chefe de Estado Maior do 3ª Região Militar de Porto Alegre. Comandante da Polícia Militar em Aracaju. Serviu em Ponta Grossa (PR), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Congratulado, em 1946, com o cargo de General. Depois de longos anos no Rio Grande do Sul, foi passar os últimos anos de sua vida na capital federal (Rio de Janeiro). Faleceu no Rio de Janeiro em 1968. Sua principal obra é o estudo de cunho histórico-biográfico Vultos e fatos da Nossa Pátria (1958). A Obra já tem com 3 edições (número Record para um escritor nascido em Itabaiana). Nessa obra o general de Itabaiana discorre acerca de nossos principais feitos bélicos e personagens da história militar do Brasil. O livro buscou mostrar os feitos dos grandes "herois" militares. O General João Pereira foi um itabaianense que levou o nome da nossa cidade para vários estados do Brasil. É um nome que consta nos anais da história nacional devido a sua atuação nos sangrentos embates dos revoltosos da região do Contestado (movimento rebelde da República Velha conhecido por Revolta do Contestado), porém é na condição de homem das letras que seu nome é mais lembrado. Ao falecer com 85 anos, João Pereira havia deixado a distante terra natal um amplo legado de feitos. Referências Bibliográficas CARVALHO, Vladimir Souza. A República Velha em Itabaiana. Aracaju: Fundação Oviedo Teixeira, 2000; PEREIRA, Gal. João. Marchas à noite. Porto Alegre: Tipografia de Carlos Echenique, 1908; ____________. Ensino universitário: discurso pronunciado no Congresso de Estudantes, reunido na Capital de S. Paulo em julho de 1909. Jornal Estado de S. Paulo, 22 /07/1909, p.2; ____________. Organização das metralhadoras (Infantaria e Cavalaria). Rio de Janeiro: Tip. Lit. Pimenta de Melo & C, 1917; ____________. Instruções para patrulhas de infantaria. Aracaju: Tip. do Estado de Sergipe, 1918; ____________. Vultos de nossa História: escritos patriotas. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1958.