Golpe bilionário no INSS: investigação iniciada em Sergipe atinge mais de 4 milhões de vítimas

Um golpe silencioso, que começou a ser investigado em Sergipe, desviou mais de R$ 6 bilhões de aposentados e pensionistas em todo o Brasil. A fraude foi revelada em detalhes pelo programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (4), e envolve descontos indevidos aplicados diretamente nos benefícios pagos pelo INSS.
A investigação teve início após a denúncia de uma aposentada da Bahia, que percebeu cobranças suspeitas em seu contracheque. A apuração do Ministério Público Federal apontou para duas associações sediadas em Sergipe que usavam documentos falsificados para autorizar, sem consentimento, os descontos mensais. O que parecia um caso isolado, logo se mostrou parte de um esquema nacional.

Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), entre 2019 e 2024, mais de 4 milhões de pessoas foram afetadas. As cobranças variavam entre R$ 30 e R$ 50 por mês, supostamente destinadas a entidades associativas. No entanto, em 97% dos casos analisados, os beneficiários afirmaram nunca ter autorizado esses débitos.
A fragilidade do sistema permitia que essas associações firmassem acordos com o INSS, por meio de documentos cuja autenticidade não era devidamente verificada. Em alguns municípios do Nordeste, mais da metade dos aposentados sofreu prejuízos.

A operação da Polícia Federal, batizada de Sem Desconto, cumpriu mais de 200 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal. Três pessoas foram presas e seis servidores públicos foram afastados, incluindo o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
O caso também gerou desgaste político. O atual governo afirma que os convênios com essas entidades cresceram de forma descontrolada entre 2019 e 2022, durante a gestão Bolsonaro. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, confirmou que alertas sobre o esquema chegaram em 2023, mas disse que a apuração só ganhou força no ano seguinte.
Como saber se você foi vítima
O INSS orienta aposentados e pensionistas a consultarem regularmente seus extratos, disponíveis no portal ou aplicativo “Meu INSS”. Caso identifiquem descontos suspeitos, é possível registrar reclamação diretamente pelo app ou pela Ouvidoria-Geral da União.
A descoberta desse esquema expõe falhas no controle de uma das maiores folhas de pagamento do país e acende um alerta: é preciso fiscalizar, até o último centavo, o que sai do bolso do aposentado.
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