Sergipe retoma transplantes renais após 13 anos e inicia transplantes de fígado

Um novo capítulo para a saúde pública de Sergipe começou nesta quarta-feira (3), com o anúncio do retorno dos transplantes renais e a implantação inédita dos transplantes de fígado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. A medida, considerada histórica, representa um avanço significativo para milhares de sergipanos que aguardam por procedimentos na fila nacional de transplantes, que já ultrapassa 79 mil pessoas.
Depois de mais de uma década sem realizar transplantes de rim com doador falecido, Sergipe volta a oferecer esse tipo de atendimento. Além disso, pela primeira vez, pacientes com indicação de transplante de fígado poderão realizar o procedimento dentro do próprio estado.
Mais acesso, mais esperança
O secretário de Estado da Saúde, Cláudio Mitidieri, destacou o impacto da retomada. “Voltamos a realizar transplantes renais em Sergipe após 13 anos. É um passo importante para o desenvolvimento da saúde, e, acima de tudo, significa mais qualidade de vida para quem esperava por essa oportunidade”, afirmou.
Os números reforçam a importância da medida. Só em 2024, o estado registrou 57 doadores de órgãos. Em 2025, até o fim de agosto, foram 37 doadores. No total, foram captados neste ano: 36 rins, 18 fígados, 97 córneas e quatro corações. A doação de órgãos, além de salvar vidas, fortalece a rede pública de saúde e amplia as possibilidades de tratamento para quem depende do SUS.
Transplante como política pública
Para muitos pacientes, especialmente os de comunidades mais vulneráveis, o acesso a transplantes exigia deslocamentos para outros estados — mesmo com o suporte do Tratamento Fora do Domicílio (TFD), que injeta cerca de R$ 40 milhões por ano em apoio logístico e financeiro.
Segundo Benito Fernandes, coordenador da Central de Transplantes de Sergipe, esse cenário começa a mudar. “O transplante agora é uma realidade próxima para todos. Sergipe tem uma trajetória importante na área e ocupa posições expressivas no ranking nacional: é o 6º em transplantes de córneas por número de habitantes e está entre os 10 primeiros em número de doadores efetivos”, pontuou.
Hospital de Cirurgia: centro das operações
A retomada dos transplantes está vinculada a um contrato firmado com a Fundação Beneficente Hospital de Cirurgia (FBHC), no valor anual superior a R$ 241 milhões. O acordo garante a realização de 691 procedimentos hospitalares mensais (8.292 ao ano), incluindo cirurgias de alta complexidade, como as cardíacas, oncológicas, neurológicas, ortopédicas e vasculares.
Além disso, estão previstos 174 mil atendimentos ambulatoriais anuais, entre consultas, exames e outros procedimentos essenciais para o cuidado em saúde.
A interventora da unidade, Márcia Guimarães, celebrou o momento: “Estamos diante de uma conquista que transforma a vida de centenas de pacientes. É uma grande responsabilidade e honra para o Hospital de Cirurgia liderar esse processo tão significativo para a saúde dos sergipanos.”
Vozes de quem viveu a espera
O impacto da novidade é sentido, especialmente, por quem já passou pela experiência de um transplante. Gilberto Alves de Oliveira, presidente da Associação dos Pacientes Hepáticos e Transplantados de Sergipe, sabe bem o que isso representa.
“Esse anúncio muda tudo. Muitos não têm como se deslocar para outros estados, e a espera pode levar meses. Ter essa estrutura aqui em Sergipe facilita o acesso e salva vidas”, afirmou emocionado.
Para Elves Cavalcante, presidente da Associação de Renais Crônicos e Transplantados de Sergipe, a notícia é motivo de celebração. “Esperei muito por esse dia. Estou transplantado há dez anos, e ver Sergipe realizar esse tipo de cirurgia novamente — e ainda avançar com o transplante de fígado — é um verdadeiro marco para todos nós.”
Com informações da ASN
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