Hospital em terreno irregular? Vereadores de Itabaiana pedem projeto e audiência pública

Na manhã desta quinta-feira (17), antes do início da última sessão legislativa do semestre na Câmara de Itabaiana, vereadores concederam entrevistas a uma rádio local e externaram posicionamentos divergentes sobre o projeto de desapropriação de terrenos para a construção de um hospital municipal. Embora todos reconheçam a importância da unidade de saúde, as críticas se concentraram na ausência de planejamento, falta de transparência e nos problemas envolvendo o terreno proposto.
O líder da situação na Câmara, vereador Roosevelt Santana, afirmou que a construção do hospital é de grande importância para Itabaiana. ‘’A gente sabe que um hospital municipal será muito importante para a cidade.”
Outros temas discutidos na entrevista foram as subvenções aprovadas para as duas filarmônicas do município. Roosevelt destacou que cada uma receberá R$ 90 mil, em reconhecimento ao trabalho social gratuito oferecido a crianças e adolescentes da região. “É uma reciprocidade, pois as filarmônicas oferecem gratuitamente aulas de música para a comunidade.”
Já o vereador Anderson de Catulino foi enfático ao criticar o projeto de desapropriação. Ele afirmou que não há planejamento e questionou as condições do terreno indicado. “O terreno é desnivelado, deve IPTU ao município, e não há projeto de nada. Não podemos votar contra algo que vai beneficiar a população itabaianense, mas eu não concordo com o valor de R$ 5,3 milhões num terreno com dívidas. Se deve IPTU, tem que fazer permuta. Não sou contra o hospital, sou contra a falta de estudo e de transparência.”
As críticas mais contundentes vieram do vereador Alex Henrique, que alertou para a ausência de informações mínimas sobre o projeto e a pressa da gestão municipal em aprová-lo. “A gente fica preocupado quando uma obra dessa magnitude vem sem planejamento. São 35 tarefas para a construção do hospital depois da BR. Quem mora na invasão e não tem moto, como vai pra lá? O terreno tem dívida milionária com o município, problemas na Justiça.”
Alex também reagiu às falas do prefeito, que teria dito que quem não apoia o projeto está contra a construção do hospital: “Aí a gente tem que ouvir do prefeito que quem não aprovar está contra o hospital municipal. Quem quiser que acredite nesse mentiroso.” O vereador criticou ainda a forma como o projeto foi conduzido: “Se tivessem apresentado um projeto, convidado o Legislativo para visitar o terreno, feito uma audiência pública... nada disso foi feito. É um hospital municipal ou esse terreno será doado ao hospital do Amor? A população precisa ser ouvida.”
Ele também fez referência à compra anterior do terreno no Serapião Antônio de Gois, no valor de R$ 12 milhões, questionando o uso do recurso público: “O que foi feito nesse terreno até hoje? Esse dinheiro está indo pra onde? O prefeito diz: ‘Aprove!’ E se quiser, vai criar galinha no terreno, dar o terreno pra amigos, construir uma autoescola ou fazer rapel. Não é assim que funciona! Essa Casa tem responsabilidade.”
Por fim, Alex reforçou que não aceitará votar sem a apresentação de documentos concretos: “Sem projeto, eu não aprovo. Eu não darei um cheque em branco a quem não confio. É um terreno com problema na Justiça, que deve R$ 8 milhões ao município, e pertence a ex-parentes de políticos. Será que o prefeito quer pagar alguma dívida dele? Perguntar não ofende. Precisamos de análise, estudo e compromisso com o dinheiro do povo.”
A sessão de hoje, a última do semestre legislativo, segue em andamento na Câmara Municipal de Itabaiana. O clima é de expectativa e tensão em torno da possível votação dos projetos de desapropriação. Enquanto isso, vereadores da oposição continuam cobrando a apresentação de estudos técnicos, documentos e maior transparência sobre o uso de recursos públicos para a construção do hospital municipal. A discussão promete se estender até os últimos momentos da sessão.
ERRATA
Na matéria publicada anteriormente, informamos que o vereador Roosevelt Santana havia declarado que “é necessário definir com clareza o local onde a obra será realizada” e que “precisa determinar onde será o terreno”.
Informamos que houve um equívoco no momento da redação. O vereador não fez essa declaração. Pedimos desculpas pelo erro e esclarecemos que a fala correta do parlamentar foi:
“A gente sabe que um hospital municipal será muito importante para a cidade.”
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