Proprietário que não comunica a venda do carro corre risco de multa, ação judicial e investigação criminal, alerta a polícia

O que muitos motoristas tratam como um simples detalhe burocrático pode, na prática, se transformar em um sério problema legal. Vender um carro ou motocicleta sem oficializar a transferência de propriedade no Detran pode resultar em multas, cobranças indevidas e até envolvimento em investigações criminais, conforme alerta da Divisão de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV), da Polícia Civil de Sergipe.
De acordo com o delegado Kassio Viana, diretor da unidade, a falta de regularização pode manter o veículo no nome do antigo dono por tempo indeterminado, fazendo com que ele continue legalmente responsável por tudo que ocorrer com o mesmo— inclusive em casos de crime.
“Se você não fizer a comunicação de venda ou a transferência, o veículo continua em seu nome. Toda a responsabilidade continua sendo sua. Isso acontece muito com carros vendidos a lojas, que depois revendem a terceiros, e o antigo dono perde o controle da situação”, explicou Viana.
Riscos jurídicos e criminais
Entre as consequências mais graves estão a vinculação do antigo proprietário a investigações policiais. Caso o veículo venha a ser usado em crimes, o CPF registrado junto ao Detran será o primeiro a ser consultado pela polícia.
“Já houve casos em que a pessoa foi investigada ou até sofreu uma ação policial por causa disso”, alertou o delegado.
A comunicação de venda ao Detran deve ser feita pelo vendedor no prazo de 60 dias, com envio de cópia autenticada do comprovante de transferência assinado e datado. Somente após esse registro é que o antigo dono deixa de ser responsabilizado civil e criminalmente pelo veículo.
Já o comprador deve realizar a transferência da propriedade em até 30 dias após a assinatura da Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo (ATPV-e), com firma reconhecida e vistoria válida.
Golpes e veículos clonados
A DRFV também alerta para golpes comuns envolvendo veículos não transferidos, como os casos de clonagem e os chamados “pokémons” — carros financiados e não pagos, que são revendidos de forma ilegal.
“Carros roubados recebem placas, chassis e documentos idênticos aos de veículos verdadeiros, geralmente financiados. No caso dos ‘pokémons’, são carros financiados e não quitados que continuam sendo revendidos. Quem compra por um valor muito abaixo do mercado e diz que não sabia, mesmo assim responde por receptação”, afirmou o delegado.
O diretor da DRFV foi categórico: vender carro financiado sem autorização do banco é crime de estelionato. Ele alerta que negócios com valores muito abaixo do mercado devem ser vistos com desconfiança.
“Já vi casos de carros de R$ 100 mil sendo vendidos por R$ 15 mil. Isso não é ingenuidade, é cumplicidade com o crime”, concluiu.
Com informações da SSP/SE
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